Audiência discute ‘Privatização dos Correios e suas consequências para o País’

"Correios, que é uma empresa muito lucrativa, vítima de uma campanha difamatória para justificar o sucateamento e a privatização"
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“Uma mentira repetida várias vezes passa a ser compreendida como verdade, e é isso que está acontecendo com os Correios, que é uma empresa muito lucrativa, vítima de uma campanha difamatória para justificar o sucateamento e a privatização”, declarou o carteiro Diego Ramos, que trabalha na agência dos Correios de Cristinápolis, e viajou mais de 118 km de moto para participar, em Aracaju, da audiência pública ‘Privatização dos Correios e suas consequências para o País’.

O debate realizado na última quinta-feira, 11/7, no Centro Cultural de Aracaju, foi promovido pelo SINTECT/SE, com apoio dos mandatos do vereador Camilo (PT) e dos deputados federais Joao Daniel (PT) e Leonardo Monteiro (PT). A audiência contou com a exposição do pesquisador Igor Venceslau (Laboplan/USP), de Joel Arcanjo (FENTECT), Rubens Marques (Dudu – Presidente da CUT-SE) e Jean Marcel, secretário geral do SINTECT/SE. Em apoio à luta contra a privatização dos Correios, participaram da audiência pública as vereadoras Cocotinha (PT) de Malhada dos Bois, Ledinha de Itabaianinha, o deputado estadual Iran Barbosa (PT) e o ex-governador de Sergipe Jackson Barreto, além de várias lideranças sindicais e trabalhadores.

“O Brasil é um mercado importante para o serviço postal. O volume do fluxo postal cresceu muito nos últimos anos e vem se tornando muito lucrativo. São 9 bilhões de objetos postais entregues diariamente. As pessoas não escrevem mais cartas de amor, mas a internet impulsionou os serviços postais de encomenda, que são mais lucrativos. Assim as cartas tendem a diminuir e as encomendas a crescer”, afirmou o palestrante Igor Venceslau para explicar que os serviços realizados pelos Correios estão em plena expansão.

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O Coordenador Geral do SINTECT (Correios), Jean Marcel, apontou que a empresa dos Correios deveria contratar mais empregados, já que o volume do serviço aumentou. No entanto, o que tem sido feito é a diminuição do número de trabalhadores.

“O Correio nunca foi deficitário. Sempre gerou lucro para a nação brasileira, além de ser a empresa pública que mais gera empregos no Brasil. A não contratação é uma decisão que obedece ao plano de sucatear a empresa, o que gera reclamações junto à população e favorece o discurso a favor da privatização. Nenhuma empresa privada que executa o serviço de entrega de encomendas têm o alcance dos Correios que está em todos os municípios brasileiros”.

Segundo o presidente da CUT/SE, Rubens Marques, é claro que a concorrência aproveita toda oportunidade para defender a venda dos Correios, mesmo quando o projeto de privatização foi um fracasso nos Países que o adotaram.

“Os países que mais reestatizaram entre 2000 e 2017 foram Alemanha (348), França (152), EUA (67), Reino Unido (65) e Espanha (56). O Brasil não pode tomar esta atitude de pouca inteligência, realizar um projeto sabendo que ele não traz melhorias para a população e tomar esta decisão quando vários Países fazem o caminho inverso e reestatizam suas empresas. Mesmo em 2018, ano em que houve congelamento da tarifa postal, os Correios alcançaram lucro líquido de R$ 161 milhões, isso é patrimônio nosso. Não é inteligente e não há nenhum motivo para tratar sobre a privatização dos Correios”.

Insubstituível

Durante o debate, o dirigente do SINTECT, Jean Marcel, alertou sobre as políticas públicas que dependem dos Correios para sua execução.

“Os Correios executam papel central na execução de políticas públicas. É quem entrega livros, material didático no prazo do calendário escolar, distribui vacinas aos postos de saúde de mais de 5 mil municípios, entre outros”.

Sobre o tema, o professor Igor Venceslau alertou que um projeto de privatização poderá penalizar a população deixando-a desassistida.

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“Uma empresa privada tem interesse de fazer entrega em algumas cidades do Brasil. Países de território grande precisam sempre de uma grande rede logística para viabilizar sua integração. Uma coisa é ligar os municípios de São Paulo, outra coisa é interligar os municípios sergipanos. Qual empresa privada teria interesse de atuar em regiões onde o serviço de entregas não é lucrativo?”, questionou para mostrar que a iniciativa privada não tem condições de suprir a lacuna caso a empresa pública dos Correios seja privatizada.

Fonte: https://expressaosergipana.com.br